2009-11-30

Natal

O Natal vem aí... Aqui pelos trópicos os Papais Noeis já transpiram de novo nos seus quentes fatos preparados para o Polo Norte, as luzinhas de cores diversas acendem-se nos condomínios e, nas ruas de S. Paulo, alguns arranjos e apresentações espectaculares fazem-nos dar voltas mais longas nas filas de transito intermináveis, só para os contemplar... A Paulista, a avenida mais vestida nesta época em Sampa, já se transfigurou, faltando apenas a fabulosa decoração do Shopping Iguatemi (completamente obrigatória) e a a enorme árvore de Natal do Parque Ibirapuera dar sinal de vida, para que se inicie o cortejo em torno da mesma - árvore que é guardada dia e noite por um homem que aí por baixo vive e dorme, evitando desta forma qualquer transtorno ao enfeite mais querido dos habitantes da cidade.. Não esquecer que este concorre em tamanho e alegria com o colocado por cima da Lagoa Rodrigo Freitas, no Rio de Janeiro, rivalidade que torna a de entre Lisboa e Porto mera cortesia...

Quando Dezembro aqui chega, lentamente começamo-nos a despir, desnudando braços e pernas para fazer face ao calor que se faz sentir... As crianças impacientam-se nas escolas, pois o ano, literalmente, está a chegar ao fim! Os testes sucedem-se e a capacidade para as lições de casa intermináveis e consecutivas, esgota-se! A deles e a minha! Dezembro significa a volta a Portugal, vivida sempre com a ansiedade de voltar a rever quem gostamos e de chegar a uma casa que por nós espera, meses e meses, fechada, pronta a receber-nos de forma tranquila... Queremos (egoísmo de quem parte), que nada mude, que as pessoas nos sintam com a mesma intensidade, que o nosso lugar seja sempre e para sempre nosso.. Que as pessoas que nós amamos não desapareçam nem envelheçam, achamos que o nosso ponto de partida é a Terra do Nunca e nós, Peter Pan...
Kisses,
Alex

2009-11-25

Sayonara..

Sayonara Teresita, Andreia, Yulitza.. E agora Sandra, a minha amiga do Paraná, neta de portugueses e italianos, casada com um argentino nascido no Peru, criado no Brasil.. A caminho do Pais do Sol Nascente onde o Diego vai assumir a presidência do grupo para quem trabalha.. Muitas horas de viagem, com paragem obrigatória em NY (suprema chatice) e um bilhete de avião que consome ou muitas milhas ou muitos dólares... Não vai ser fácil, mas escrevi no meu coração a vontade de lá chegar.. Tóquio, se prepara!
Como é de praxe, as festas iniciaram-se.. Jantares, cafés da manha muito femininos, presentes comprados com a intenção de representarem o afecto impossível de exprimir, a mistura dos doces e salgados que se comem em meio a saudades que já se sentem e a satisfação das experiências futuras que vão ser saboreadas..
Vou ter muitas saudades da Sandra. E do Diego. Gosto particularmente deste individuo, que tira imensa satisfação da suas cavalgadas, de um bom jantar regado a vinho (seja qual for a sua proveniência desde que com casta), das suas observações certeiras porem educadas, do prazer de se rodear da família (único varão no meio das suas quatro mulheres) e dos amigos.. Do espírito de partilha sem soberba ou ostentação.. E da Sandra! Libriana como eu, identificamo-nos no sim a quem nos pede, no coração ao pé da boca, na parvoíce da reacção imediata e emocional.. Na vontade de fazer prevalecer a nossa vontade para de imediato fazer a de quem nos rodeia.. Como ela diz, não há nada a fazer, é mesmo assim!!




2009-11-18

Millenium

Depois de um largo período, voltei a abrir livros.. Desta vez, influenciada pelos media e pela propaganda de uma das minhas livrarias preferidas aqui em S. Paulo, a Cultura (adoro a da Vila, no ultra-mega-chique Shopping Cidade Jardim, mas está um pouco mais longe e fica no piso anterior ao Melhor Bolo de Chocolate do Mundo e da sorveteria Mil Frutas.. Uma visita aí implica sempre o consumo desnecessário de calorias..), comprei o primeiro volume do Millenium.. Comecei a lê-lo de forma algo descrente, tendo ficado, após as primeiras páginas, totalmente agarrada a um enredo em torno de uma heroína improvável: Lisbeth Salander! Uma hacker que é mal compreendida e perseguida, que, graças a uma inteligencia fora do comum e a uma memoria fotográfica, aos amigos que não cultiva e a um trama tecido por Larsson (um homem diferente, pela escrita pode-se notar a admiração e consideração pelo universo feminino..), consegue atingir o que me pareceu, absolutamente, justiça romântica.. Os maus castigados, os bons (ainda que ligeiramente diferentes do costume), recompensados! Sexo, politica, intriga, crime, horror.. Nada falta!

Agraciada com os outros dois volumes pelo meu aniversário, terminei enfim a saga.. Descontente! Era capaz de jurar que a Salander não teria ficado por aí, não fora a morte precoce e surpreendente do autor! Adepta que sou da Teoria da Conspiração, acredito que ele foi silenciado... Será?


Beijos,
AlexManuela

2009-11-16

Mordida..

...completamente! Braços, pernas, bumbum e até rosto! Malditos pernilongos que não me deixam dormir! Uma praga imensa parece ter tomado conta de Sampa! Em três anos de exilada jamais havia vivido tal coisa!
Enquanto bato teclas aqui na sala, oiço o Luís lá dentro, desesperado, porque tem que se levantar de madrugada para apanhar um avião, às voltas com a raquete "mágica" (comprada num dia de deambulação preguiçosa pela 25 de Março...) a "fritar" mosquitos do tamanho de gorilas, sedentos de sangue luso! Bem sei que os vampiros estão na moda, mas francamente, não há crepúsculo ou amanhecer que aguente! Queeeeeroooo dormir! Quem me tira as minhas horas de sono, arranca-me a boa disposição! Cuidado mortais, vou na terceira noite de olhos abertos, rodeados de olheiras, que diziam ser muito românticas nos loucos anos vinte dos século passado! Pois sim, talvez, mas mil vezes umas faces frescas, de maças camoesas saudáveis, aqui no seculo XXI...

Segundo os noticiários nacionais os repelentes, insecticidas, lâmpadas nocturnas repletas de veneno, cremes para depois de picadas e medicamentos preventivos esgotam-se nas lojas da especialidade.. Maná dos céus para os comerciantes, que como sempre, em tempo de guerra enriquecem sem vergonha! Eu por mim já comprei!

2009-11-08

Fernando de Noronha

Acabei de colocar um bolo de mel no forno! Desta vez, com muito esforço e concentração, segui direitinho, à risca, as instruções e não inventei nem um pouco! A quantidade de açúcar requerida, não repensei nenhum ingrediente, colocando-os na Bimby pela ordem que o Mestre Vítor Sobral recomenda.. Teve que ser! Com o Francisco à "perna", exigindo um dos seus petiscos favoritos, corria o risco tremendo de uma birra caso o resultado final ficasse longe das expectativas do meu petiz... Até que o bolo coza, à temperatura de 180 graus, sobram-me 40 minutos bem contados, para narrar a ultima viagem de férias terminada ontem, cercas das 23 horas locais.
Fartos das nuvens cinzentas e do tempo indeciso que rodeia Sampa, resolvemos partir para Fernando de Noronha, local mítico e que preenche a fantasia tanto de brasucas, como de portugas e outras nacionalidades.. Com paragem obrigatória em Natal, onde os nossos compatriotas chegaram precisamente no dia de aniversário do Menino Jesus...
Na companhia muito agradável dos Contreiras (Ana, Joana e João), enfiamo-nos no avião em Guarulhos, para uma viagem sem estória; aterrisados, de imediato, fomos envolvidos pelo vento quente da terra tão chegada ao Equador. O hotel? Uma agradável surpresa, tanto mais que nos colocaram numa fantástica suite voltada para o mar, com ante-sala, closet, duas casas de banho, terraço e uma piscina com espreguiçadeiras... Nada mau!
Na terceira manhã descemos as dunas num buggy tripulado por um nativo calado que somente abria a boca para esparsas explicações e repleto de etiqueta! Interessante! Entre banhocas nas lagoas, no mar, skibunda e tiroleza, se passou o dia. Terça estavamos portanto mais do que prontos para a aventura final: Fernando de Noronha!!!!
A travessia fez-se em cerca de uma hora, a aproximação do avião a terra permitiu de imediato abarcar o arquipélago de uma assentada, uma vez que este é pequeno e apenas a ilha principal, a maior, é habitada. O dia estava abafado, quente, o sol inclemente e assim se manteve durante os três dias que lá permanecemos.
Adorei o local! Tudo me fazia lembrar Cabo Verde, desde o mar, o cuzcuz, o cheiro, as praias, a paisagem e as ruínas dos fortes com os seus canhões abandonados.. Fui, claro, gozada completamente pelos meus companheiros de viagem, com o Luís à cabeça, nos comentários.. As águas límpidas guardavam tartarugas que nadavam quase a tocarem nos nossos pés, os peixinhos de todas as cores serviram de inspiração ao filme Nemo, havendo imensas Doris que não estavam nem aí para a nossa presença.. Tanto os turistas como os locais respeitam as regras impostas pelo IBAMA, (sem remédio, as multas são altíssimas), organismo estatal responsavel pela natureza, que em Fernando, é senhor absoluto!
No ultimo dia, ainda antes do retorno a Natal onde dormimos, fizemos uma passeio cujo objectivo é o de colocar a pessoa a "voar" dentro de água. A reboque de um barco a motor e com uma semi-prancha transparente (cujo formato permite um mergulho imediato), de snorkles na boca e mascaras de mergulho, entre apneias, passamos duas horas incríveis a ver os corais, barcos afundados, um tractor caído ao mar - que serve de refugio a polvos e outras criaturas marinhas de grandes bigodes, tartarugas planadoras e peixes, que pediam de joelhos uma travessa fumegante com batatinhas assadas.. Os miúdos adoraram, tanto a Joana, como o Pedro e o Francisco não se recusaram à aventura subaquática, portando-se como autênticos mergulhadores tarimbados!

(Nesta altura já interrompi a narrativa algumas vezes, o bolo ficou pronto e os tpc´s do Pedro exigiram a minha presença...Depois de partido o bolo e acompanhado de leite frio, as crias deitaram-se por fim.. Está um calor típico de trópicos, abafa-se em casa e deseja-se uma leve brisa marítima.. Pois, mas aqui no planalto, não há!)

Mas nem tudo foram rosas, houve cardos também! A pousada onde nos instalaram após a aprazível estadia no hotel de 5 estrelas em Natal, era simplesmente DE-PLO-RA-VEL! Terceiro mundo, como se diz por aqui, situada no Bairro do Trinta e a evitar a todo o custo! Feia, pobre e sem condições, deveria ser proibida! E estava classificada!!! E à saída do território, em letras bem graúdas, os portugueses, (de novo), deixaram bem explicito o que pensam sobre o turismo e a administração local que permite tais desvarios!
Aviso: Em Fernando de Noronha não existe crime propriamente dito, qualquer um se pode passear à noite sem problemas, o ladrão ali tem "carteirinha", chama-se habitante e pratica os preços que quer.
Abraço,
AlexManuela