2008-08-08
De volta a S. Paulo após a quarta vez consecutiva desde que o nosso exílio voluntário se iniciou, desta a sensação foi a de fazer parte de um dos episódios da serie de TV que eu seguia com entusiasmo juvenil... De volta? Teria eu adormecido na minha cama brasileira e sonhado que tinha estado em Portugal? Teria eu de facto chegado a passar alguma noite no meu quarto do 4º andar das terras do "carrapau e da sarrrdinha"? De certeza que cheguei a pisar as areias fininhas de Tróia e visto o céu azul sem poluição? Deambulei nos shoppings sem graça e de saldos pirosos (mas será que agora os comerciantes só colocam os monos em tempos que deveriam ser de alegria para nós os consumidores)..? E comi pão escuro com muita manteiga? E calcorreei as ruas tão alentejanas de Mil Fontes trincando os gelados de frutas da loja mais famosa da Vila?
À chegada a Sampa, como já parece ser hábito, fomos brindados com uma mudança de tempo radical.. Dizia o motorista estupefacto espreitando o céu: "Não compreendo.. o mês inteirinho sem chuva e parece que vem aí uma frente fria...".
Durante esta primeira semana a tentativa de recolocar os infantes na rotina sagrada dos tempos de aulas foi feita a ferro e fogo.. Com a diferença horária estampada nos hábitos adquiridos ao longo das cinco de férias, era com horror puro que assistia ao alegre madrugar dos meus rebentos ainda antes do romper da aurora, nos primeiros dias, clamando pelos cereais matinais... E se para o Francisco a volta aos portões da escola foi feita com expectativa e alegria, para o Pedro significou o retorno ao sacrifício, aos colegas com quem não se identifica e à luta diária de se poder exprimir em português de Portugal sem rolar erres e cantar sílabas... Também o Luís se queixou de falta de vontade para se entregar ao seus projectos e nem o facto de ter no longo nariz, de curva abrupta, o primeiro par de óculos (escolhidos após várias tentativas e longas horas passadas nas lojas da especialidade), o deixaram mais comprometido com a actual realidade... Quanto a mim, voltei para a amizade da Gaby que no seu modo calmo de sempre, me animou com almoços tardios e vegetarianos e me levou ao ginásio de onde saímos, numa das vezes, directas a Moema para comermos sentadas e em suave ripanço, um pastel de nata quentinho na "Casota", restaurante luso (tantas vezes referido na "Veja") que não prima pelos seus petiscos, mas que brilha pelas suas sobremesas... E entre dentadas, prometemos solemente, iniciar sem falta, a dieta na segunda feira seguinte...
Alex-de-volta-a-Terras-de-Vera-Cruz...
PS - Ciente que já há muito que não blogo e porque os pedidos nesse sentido ainda foram alguns, prometo, num dia de mais inspiração, contar-de-um-fôlego-só, as estórias que intercalaram a ultima postagem - viagem ao Maranhão em Outubro p.p. (próximo passado) e o mês de Julho do ano da graça de 2008..
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial