Ramesteres

Para meu azar, numa das visitas aos Emes, o Francisco apaixonou-se! Irremediavelmente! Com uma enorme emoção, traduzindo-se todo esse sentimento nas mãos inquietas que se recusaram a abandonar os dois pequenos hamesters que a Gaby, num esforço tremendo de adiar o cão pretendido pela sua imensa prole (são quatro!!), levou lá para casa! Carregou pelo resto da tarde, apartamento fora, os animalzinhos e dali só saíu, quando conseguiu de mim a promessa de que, no aniversário, a prenda destes novos amigos poderia ser um ratinho!

Como com os brasileiros um negócio nunca é linear (há sempre algum aspecto menos esclarecido), foi-me em breve anunciado que não seria necessário adquirir o bichinho em loja, já que, miraculosamente, um dos dois machos comprados, havia acabado de dar luz uma ninhada de cinco, podendo o Francis em cerca de um mês, levar o seu para casa! God!!

Com que paciência e impaciência o Francisco esperou o seu pet, tendo em conselho familiar ficado decidido, pelo próprio (!!), que se chamaria Lucas, nome aliás que eu já havia tentado colocar aos meus dois rebentos, sem qualquer êxito! Lucas é um dos grandes amigos no Kindergarden do meu codé, mora no nosso bloco, quatro andares abaixo, com lugares de garagem lado a lado dos nossos (situação que, infelizmente, me levou a conhecer mais intimamente o pai, dinamarquês aqui radicado e dono de um jipe ao qual, inadvertidamente, risquei ligeiramente uma das laterais, num dia em que achei que o espaço entre nós dava para passar um elefante..)..

E como o tempo voa, mesmo quando julgamos que não, esta semana trouxemos o "bebé" para casa... Os meus filhos ficaram numa felicidade tremenda, apesar do Pedro, rapaz mais consciente, se ter mostrado de imediato preocupado relativamente ao possível termo de vida do rato, calculado pelo Tomás "o especialista", em cerca de dois anos, bem como com os tratos de polé aplicados pelo irmão ao novo membro da família! Francisco não se coíbe de transportar Lucas para todos os cantos, recantos, com ele assistir aos programas de TV preferidos, mudá-lo e tornar a mudá-lo de mansão (Lucas é proprietário de duas gaiolas, a original e uma comprada posteriormente, de dois andares, que o dono referencia como residência principal, servindo a outra para as férias...), fazê-lo trepar qualquer dos móveis, passá-lo incessantemente de mão em mão, observando-lhe os olhos, os movimentos e monitorando rigorosamente qualquer iniciativa do tipo "sanitária" que o desgraçado efectue.. Enfim, um autentico big brother, ao melhor estilo! E já agora, no que toca ao Luís e ao ramester (modo como aqui se pronuncia a palavra), há já três dias que o meu marido não larga o aspirador, profundamente desesperado com a palha que forra as tocas do rato e que se espalha, de forma tão pouco estética, pelo chão escuro da sala, da cozinha, corredores e quartos..