Coisas que gosto aqui:
A varanda, com vista sobre as vivendas cobertas de verde e a mesa de vidro e bambu onde, ao fins-de-semana, tomo o pequeno-almoço sem pressas..;
O sol castigador que de forma rápida se deixa cobrir pelo encontro das nuvens escuras que produzem relâmpagos formidáveis e trovões ensurdecedores;
O vento, suave brisa que balança docemente as palmeiras;
As estradas ladeadas de mata atlântica que borda a paisagem;
A família de macacos que sobrevive na selva de cimento, instalada nas árvores do condomínio e que viaja entre este e a escola;
O bando de papagaios de cores e tamanhos diferentes que sobrevoam o bairro, sem esforço;
O colibri que vi na rua, beijando delicado uma planta no jardim;
A Teresa e a Erika, responsáveis pelas actividades extra-curriculares no colégio e que nos fazem sentir bem-vindos;
O António, contínuo, sorriso gaiato, que me diz como foi o dia do Pedro;
A exclamação educada de Luís o segurança, que se despede desejando "um bom descanso senhora";
A piscina, imaculada, ainda não estreada, pela manhã;
Moema, que no alto dos seus maravilhosos 68 anos, vive plena, na companhia constante de Pedro e João Vítor, os netos;
O último banho na praia, água quente, sol a esconder-se e as ondas a partirem-se de encontro a nós;
A descoberta constante dos outros;
O valete simpático e prestável que abre a porta do carro e se ocupa dele, libertando-nos assim da preocupação;
A disposição cuidada e apetitosa do pão e bolos que convidam à degustação imediata;
Os restaurantes, surpreendentes na decoração e localização;
O filet mignon que se desfaz na boca, sem esforço...
Há outras..
Coisas que não gosto muito:
A roupa que não cheira a sabão e a pêssego como em Setúbal;
O pão que não sabe como o da praça;
O peixe que não tem gosto;
O pastel de nata que apenas conserva o nome; A obrigação das compras no supermercado;
A saudade que me parte ao meio em certos dias;
A falta do Rio Azul;
A ausência de Lisboa, magnífica na forma e na minha libertação;
A carrinha, que já não me pertence, já nao fazer os 180 kms/hora pela autoestrada ;
A minha casa, quente no inverno, fresca no verão, agora fechada;
Os meus pais, a envelhecerem longe de mim;
A tia Mané que já não nos visita;
Há outras..
6 Comentários:
pensava q moema era um bairo de S. Paulo...afinal saiu uma avó! essa personagem ainda n nos tinhas apresentado. a
Achei engraçado teres saudades da carrinha a 180, é mesmo teu!
As saudades fazem-nos cócegas na barriga, mas sempre que cá voltares vais sentir um prazer duplo com todas as pequenas coisas da vida.
Moema é um bairro e um nome indígena, de alguém que morreu por amor..
Gostei da analogia entre as saudades e as cócegas, obrigada Fusco
Este comentário foi removido pelo autor.
Pois não há uma atenção, não há um carinho ... para acrescentar à lista das saudades a aventura, o risco, o horror, a tragédia ... enfim a labuta no IRS
Beijos
A ti CG, dedico-me num dia em que as tágides, longiquas agora, me inspirem convenientemente..(será que existem também ságides?. Nao me esqueci de como escreves bem, da rétorica, da sempre pronta resposta desafiadora na ponta da língua..Fica bem, um beijo grande,
Alex
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