2007-01-28

Dartistas 1

Dada a falta de aventuras ocasionada por dias absolutamente sem história e depois de uma noite no Messenger a papaguiar com o Miguel sobre os tempos aventurosos em que galopávamos as ondas, fim-de-semana após fim-de-semana, montados em valorosos corceis marítimos (Dart18), nervosos sob as rédeas (cabos), "bateu a saudade" e fiquei a pensar que gostaria de blogar um pouco, relembrando quando a gargalhada era o som mais constante e se respirava naturalmente a adrenalina..como dizem os velhinhos, "bons tempos!"
Todos os dias eram dias óptimos para se navegar não obstante o frio rigoroso de inverno, iniciando-se os treinos para a solene abertura da época (as Regatas Internacionais de Vila Moura, no Carnaval), em pleno Dezembro, tal qual os carteiros: "sob chuva, nevoeiro, frio.." ou qualquer outro capricho climático que então se apresentasse.. Lembro-me de chegar ao Naval com os dedos dos pés completamente dormentes, receando, ainda sob a influência dos livros de aventuras lidos em tempos remotos, que eles, simplesmente, me viessem a cair! Lembro-me de me vestir no hangar, ao lado dos rapazes, declinando o subtil prazer de poder vir a frequentar o balneário feminino (argh), fechando várias vezes os olhos ao longo do ritual obrigatório de me desembaraçar do fato seco, botas, luvas, cinto de trapézio, polares, para que o Gordo, o Mário, (o Luís não!), o Zé, o António ou Lila se trocassem...Quase sempre acabávamos todos a jantar no "Cais 56", único local onde até aos dias de hoje, que eu saiba, a lasanha é servida acompanhada de..batatas fritas!
As viagens, planeadas com cuidado pelo meu leme, iniciavam-se, regra geral, a horas tardias, fosse o destino Figueira da Foz, o distante Minho, a vizinha Espanha ou outros! Após o trabalho todos convergiam para o Clube, colocavam-se os barcos nas roulotes, tomava-se o primeiro dos cafés e com aparato, em carros de apenas dois lugares, partíamos, uma caravana comprida, prontos para as novas peripécias, para o convívio engraçado que transpirava entre os dartistas, para a disputa feroz no campo de regatas, esquecendo-se aí a amizade ou os laços familiares..
Adorava chegar e encontrar os amigos..o Maranha e a Rosário presos aos seus cigarros que fielmente acendiam ainda no leito conjugal, antes do primeiro xixi da manhã; a princesa Tété (nome amável colocado pelo Banhadas ao Henrique, casado na altura com a filha de uma duquesa ou marquesa), o Barbosa, nortista ferrenho, dono de uma educação aprimorada e que eu, nos dias de pouco vento gostava de provocar gritando-lhe "amoras Barbusa"; os putos cujo barco tinha sido baptizado de "omsagro" (orgasmo ao contrário) e que viajavam numa carrinha Volvo mas que nao tinham dinheiro para pagar o hotel...
A continuar! Saudações dartistas!

2007-01-21

Expatriada

No Brasil, ao ser-se um estrangeiro em "missão" (alguém que vem por tempo pré-determinado cumprir um contrato de trabalho para uma das inúmeras multinacionacionais aqui sediadas), é-se automaticamente denominado "expatriado", estendendo-se este adjectivo à mulher e aos filhos...
Como "expatriada", com o advento natalício voltei à "santa terrinha", a "casa", aos meus parentes de sangue e àqueles que se tornaram assim por meio de um líquido não tão vermelho, mas de igual forma também forte: amizade!
Que emoção desembarcar em terras lusas, ouvir o doce sotaque de um português menos cantado mas tão poderoso como o colorido brasileiro! E como Lisboa é linda, apresentando-se cuidada e maquilhada sob o sol pouco usual de Dezembro..A aproximação aérea da cidade trouxe emoções intensas como a saudade, a antecipação!
No aeroporto a Nélia e o Nuno esperavam por nós e o primeiro abraço foi bom e forte; o caminho no MPV posto à disposição pela fábrica foi realizado com prazer, as estradas lisas e rápidas souberam bem assim como a chegada a Setúbal e o reencontro com os nossos pais, desprevenidos sobre a nossa vinda! Sem dúvida um momento único!
Ao longo das semanas que decorreram céleres entre almoços, lanchinhos e cafés, jantares, fomos sendo mimados por todos que nos receberam da forma mais carinhosa possível! O Pedro e Francisco brincaram o que puderam, armazenando uma porção generosa de jogos, conversas, risos e birras, que espero, possam vir a fazer face à ausência sempre sentida dos amigos, dos tios e avós, durante os próximos seis meses..
E eu? Eu voltei birrenta, sentida por ter terminado o meu tempo de mimo, ainda embalada por todos..Obrigada